A vida
comove-me sempre mais que a morte.
Não que a morte não me comova, claro
que comove, mas com a vida... com a vida é outra coisa. A morte, zás!, já a
vida, zááááá..., não sei se me faço entender. Provavelmente não. A vida comove
sem precisar de fazer barulho, sem se dar por ela. A morte não. A morte pinta
as beiças de vermelho vivo e grita-nos aos ouvidos. A vida não tem beiças, tem
uma boca pequena, vagamente animada com um rosa discreto e sussurra ao ouvido de
quem a puder ouvir. Quase só respira. Quente. E a um só ouvido. Fá-lo sempre a
um só ouvido. O outro, o ouvido, deve estar entretido com o resto que acontece,
e que, não sendo a vida, é fundamental que exista, para que a vida possa acontecer.
Melhor
agora?
Ainda
não?
Estão
desatentos, vocês!
Capaz de
a vida vos respirar ao ouvido livre - têm um ouvido livre, espero!- e ninguém
lhe obedecer. E depois bem podem libertar o ouvido, ou os dois,
até, que a vida já não se importa.
É
simples,
a vida záááááááááÁÁÁÁÁÁáááááááááááááÁÁÁÁááááááááá...
Como o mar.
Se não se põem a pau,
se não nadarem,
vem uma
onda e ÁS!
Sem comentários:
Enviar um comentário