quarta-feira, 3 de julho de 2013

Só tu

Não tenho dúvidas, és tu.
Porque só tu para me fazeres rir das coisas sem graça, para além das que nos juntam em ilhas remotas de quatro patas no canto do café. 
Só tu.
- Já escolheram?
Quão remota pode ser uma ilha de quatro patas num café?
Tão remota, a nossa ilha.
Só tu para me arrastares em devaneios náufragos. 
Só tu para me levares onde for. 
Só tu para me apartares assim.
- E então, já escolheram?
Quão remoto se pode naufragar onde for?
Longe, muito longe.
Só tu para me conseguires assim, completa.
Já nem o empregado pergunta. Claro que escolhemos. Está bom de se ver que o pedido foi feito. 
A tua boca distante, inteirinha nos meus olhos. Os lábios mudos a escreverem encantos no ar, contos fantásticos, tesouros a dois, ilhas pernetas para que não se possam mexer... 
Tudo quieto depois de lá chegarmos. Âncora ao fundo e o mundo inteiro para nós.
Quão remota é a ilha onde se pode ancorar o mundo inteiro?
Demasiado remota para que se chegue com vida.
Só tu.

Diz-me, quantos tus para cá chegares?